ICMBio diz que vai inspecionar área de mangue tomada por lixo na Baía de Guanabara

  • 29/07/2025
(Foto: Reprodução)
ICMBio vai inspecionar área de mangue tomada por lixo na Baía de Guanabara O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) informou que deve realizar, na próxima semana, uma inspeção na Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapimirim, na Região Metropolitana do Rio. A ação foi anunciada após o Globocop flagrar, nesta segunda-feira (28), uma grande quantidade de lixo acumulado em uma área de manguezal nos fundos da Baía de Guanabara, em São Gonçalo. A maré baixa expôs um dos muitos problemas enfrentados pela Baía: a poluição fora de controle.Todo o lixo está dentro de uma área de preservação ambiental com quase 15 mil hectares — a primeira criada no Brasil para proteger manguezais, há 40 anos. A APA de Guapimirim fica no fundo da Baía de Guanabara, entre os municípios de São Gonçalo, Itaboraí e Magé, em uma área restrita. O manguezal também integra a Estação Ecológica da Guanabara, unidade de conservação federal criada para proteger esse ecossistema. Lixo chega por rios Lixo está no meio de uma área de preservação ambiental que tem quase 15 mil hectares Reprodução/TV Globo O professor e pesquisador de Geoquímica Ambiental da Universidade Federal Fluminense (UFF), Júlio Wasserman, conhece bem a região. Ele explica que o lixo, em sua maioria garrafas plásticas, é levado até o manguezal pelos rios e canais da região, além das correntes marítimas e da ação do vento. “Aquilo é uma acumulação de plástico que, muito provavelmente, veio flutuando pela Baía. O manguezal é uma área entre marés. Quando a maré está baixa, o solo — o sedimento — fica exposto. Na maré alta, tudo fica coberto pela água, e é nesse momento que o plástico chega e se acumula”, explica Wasserman. Segundo ele, o acúmulo de lixo interfere na troca de gases entre o sedimento e a atmosfera, impactando diretamente os organismos que habitam o local. A APA de Guapimirim fica no fundo da Baía de Guanabara, entre os municípios de São Gonçalo, Itaboraí e Magé Reprodução/TV Globo “Essa camada de lixo dificulta a respiração do solo e prejudica os organismos, especialmente os caranguejos, que são abundantes nesse sedimento”, completa. A saúde do mangue é essencial para milhares de espécies. Além do caranguejo-uçá, típico da região, o ecossistema abriga peixes, camarões, répteis e aves. Situação não é isolada, diz biólogo O biólogo Mário Moscatelli, que atua há décadas na recuperação de manguezais, afirma que a situação não é isolada. “Apesar das ecobarreiras nos principais rios que deságuam na Baía de Guanabara, o volume de lixo é gigantesco. É lixo domiciliar, hospitalar, pneus, móveis, caixas d’água. Tudo o que as pessoas não querem mais dentro de casa acaba sendo jogado nos rios. Isso agrava a poluição da Baía e ainda contribui para inundações”, alerta Moscatelli. Para Emanuel Alencar, mestre em engenharia ambiental pela Uerj, o cenário é resultado de um problema estrutural antigo. “A quantidade de resíduos dentro da APA de Guapimirim é fruto de um desarranjo que dura décadas. Falta planejamento das prefeituras na coleta domiciliar. Muitos desses resíduos acabam nos 143 rios e riachos que deságuam na Baía de Guanabara”, afirma. Wasserman reforça que o problema também está no consumo excessivo de plástico. “Se há tantas garrafas acumuladas no mangue, é porque seguimos consumindo plástico em larga escala e descartando de forma errada”, diz. Poluição em toda a Baía O acúmulo de plástico não é exclusividade da APA de Guapimirim. Em janeiro, o RJ1 mostrou a poluição na Ilha da Pombeba, na entrada da Baía. No local, o solo chega a emitir som de plástico ao ser pisado. Especialistas alertam que partículas de plástico, como as de garrafas PET, já foram encontradas no organismo de peixes, aves e até seres humanos. O lixo dificulta a respiração do solo e prejudica os organismos, dizem especialistas Reprodução/TV Globo “Esses microplásticos são ingeridos por peixes, crustáceos e camarões de forma não intencional. Quando consumimos esses animais, também estamos expostos”, explica Raquel Neves, coordenadora do projeto Plastitox, da UniRio. Local de difícil acesso O ICMBio disse que o local é de difícil acesso, a cerca de 700 metros da margem mais próxima do rio, o que dificulta as operações. O órgão disse que uma equipe está mobilizada para ir ao local avaliar a situação assim que as condições do tempo melhorarem.  O instituto informou, ainda, que atua há anos na coleta de lixo dos rios e mangues que compõem a Estação Ecológica Guanabara, por meio de parcerias com organizações da sociedade civil, como Guardiões do Mar, a Cooperativa Manguezal Fluminense e a Federação de Pescadores do Estado do Rio de Janeiro.

FONTE: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2025/07/29/icmbio-area-de-mangue-lixo-baia-de-guanabara.ghtml


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