Marcelo Beraba, jornalista e um dos fundadores da Abraji, morre no Rio aos 74 anos
28/07/2025
(Foto: Reprodução) Morre o jornalista Marcelo Beraba, aos 74 anos
Um dos fundadores da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), o jornalista Marcelo Beraba morreu na tarde desta segunda-feira (28), aos 74 anos.
Ele estava internado no Hospital Copa D'Or, em Copacabana, Zona Sul do Rio. Beraba descobriu um câncer no cérebro em março e chegou a passar por uma operação.
Beraba era um defensor incondicional da liberdade de imprensa e acreditava que o jornalismo investigativo era essencial para o fortalecimento da democracia. Ele deixa duas filhas, dois enteados e três netos.
Ele foi diretor do Grupo Estado em Brasília. Trabalhou também na TV Globo, no jornal O Globo, no Jornal do Brasil e na Folha de S.Paulo, onde exerceu, entre outras, a função de ombudsman.
Beraba foi o primeiro presidente da Abraji, fundada por ele e outros jornalistas como resposta ao assassinato de Tim Lopes. Recebeu em 2005 o Prêmio Excelência em Jornalismo do ICFJ (International Center for Journalists).
Colegas lamentam morte
O jornalista Marcelo Beraba
Reprodução/Youtube Abraji
Na tarde desta segunda, a Abraji publicou depoimentos de colegas de vários países sobre Beraba, que exaltaram características como a capacidade de liderança e defesa dos valores jornalísticos.
"Beraba fazia a diferença; eu, que perdi meu pai biológico recentemente, sinto essa dor novamente da perda do meu pai no jornalismo. Os valores que aprendi com ele ficam pra sempre e tenho orgulho dos anos que vivemos juntos. Muitos ele chamava de “mestre” e esse era também um dos jeitos carinhosos que os colegas o chamavam. Pra mim, sempre foi mais que um mestre. Era um pai. Fica com Deus, Beraba", escreveu Marcelo Moreira, jornalista e ex-presidente da Abraji.
"Sem Beraba não haveria Abraji. Sem Beraba, a Abraji não teria crescido e se consolidado como uma das maiores organizações de jornalismo investigativo do mundo, indo muito além do que seus fundadores imaginavam naquele dezembro de 2002. Uma das maiores dificuldades na criação de organizações similares na América Latina foi a falta de um Beraba em cada país. Líderes como ele são raros na criação, no desenvolvimento e na estabilização de associações de jornalistas. Seu estilo de liderança, baseado sobretudo no diálogo sincero, na transparência, na paciência para escutar e na habilidade de encontrar pontos comuns e conciliação no meio de divergências que pareciam irreconciliáveis", disse Rosental Calmon Alves, diretor do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas.
"O falecimento de Marcelo Beraba é profundamente triste para o IPYS e para a comunidade da Conferência Latino-Americana de Jornalismo Investigativo (COLPIN). Ele foi um dos fundadores da COLPIN e do Prêmio Latino-Americano, onde atuou como jurado por mais de dez anos. Seu papel foi decisivo na relação entre jornalistas brasileiros e latino-americanos, inexistente há duas décadas", escreveu Ricardo Uceda, diretor do IPYS (Instituto Prensa y Sociedad - Peru).
"Considerando sua importância na fundação da ABRAJI e sua liderança internacional como defensor do leitor, perdemos uma figura fundamental. Um dos nossos pais. O IPYS perdeu um amigo e colaborador excepcional. Além de tudo isso, Marcelo sempre representou para nós uma referência de valores jornalísticos. Ele foi um paradigma do jornalista íntegro. Embora sua ausência deixe um enorme vazio, seu exemplo e a memória de sua generosidade serão inesquecíveis", acrescentou.
"Marcelo Beraba há muito tempo se convenceu de que jornalismo é melhor em equipe. Percebeu também que, para trabalhar como um time que joga unido, é preciso ter método: um conjunto de regras e princípios sobre os quais todos concordam e se baseiam para exercer suas funções. Agiu persistentemente para concretizar essa ideia. E conseguiu. Beraba melhorou o jornalismo no Brasil", escreveu José Roberto de Toledo, ex-presidente da Abraji, apresentador de A Hora e UOL Prime podcast.
O jornalista Marcelo Beraba
Reprodução